segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Soninha Silva Enfermeira Consultora de Amamentação

Enfermeira consultora de lactação, à mais de 25 anos que apoio a bebês, mães e famílias( sem contar a fase que era babá, desde a minha adolescência) . Defensora da Amamentação, como um direito do bebê, mas sempre respeitando a vontade da mãe. Prefiro ajudar a encontrar a melhor forma para ambos. " Ao longo dos anos, muitas mães que ajudei e que gostaram muito do meu trabalho, acharam que a visão que defendo e a forma de abordar o assunto deveria chegar a mais pessoas, desafiando a escrever um livro, pois seria a forma de chegar há milhares de mães e famílias." Realmente um sonho, escrever um livro que se dirige "as mães, grávidas ou já com os bebês nascidos, que amamentem ou que queiram amamentar e que não conseguiram amamentar, mas é também para os pais e restante da família para quê possam compreender melhores os desafios que muitas nutrizes passam e desta forma a poderem apoiar e entender melhor o processo." Vou pensar no assunto escrevendo sobre, já estou!

@amamentareessencial  / (48) 984276730



segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

OS BEBÊS E SUAS MÃES: COMO CONSTRUIR AS BASES DE UM APEGO SEGURO

Por enfermeira Soninha Silva

Uma etapa importante da relação mãe-filho é a que coincide com a necessidade de sair daquela simbiose que caracteriza os primeiros  tempos quando o recém-nascido percebe  o próprio corpo  como um prolongamento da mãe, e esta ainda considera o bebê como parte de si. A interação dos primeiros tempos física e psicológica exerce um papel fundamental na sobrevivência da criança. Aos poucos, porém, a ligação inicial deve se transformar para dar ao filho a possibilidade de crescer, adquirir competências, segurança e uma identidade separada daquela da mãe.   

Neste processo, um papel importante pode ser desenvolvido pelo pai (ou por outra pessoa  significativa na vida do bebê) triangulando a relação , alargando os horizontes da criança e sustentando –a em sua necessidade de explorar o mundo e de encontrar nele o seu lugar. Também a mãe pode desenvolver esse papel de agente emancipador, nem tanto no plano racional, mas no emotivo que o filho cresça e se separe  dela para se tornar  cada vez mais autônomo, capaz de enfrentar o mundo, de comunicar-se com pessoas diversas e de deixar emergir o self autêntico.

De uma mãe, espera-se flexibilidade. Uma mãe deve aceitar que seu filho seja outro separado de si, que possa ter vontade e desejos diferentes dos seus, que possa cultivar também outros afetos e outras ligações. Para crescer, poder se comunicar e não correr o risco de desenvolver um falso self ( para satisfazer totalmente as expectativas dos outros, na origem as de sua figura primária de apego), o filho deve se diferenciar da mãe. Se forem idênticos, um se reflete no outro, mas filho não chega a reconhecer  os estados emotivos separados daquela com quem está em simbiose. O excesso de proximidade impede a perspectiva. Os sentimentos se fundem e se confundem. O filho se sente seguro, forte e potente somente no espaço primordial, fora dele, é indefeso e pequeno.

Para dar os primeiros passos em direção a uma existência autônoma, a criança deve também ouvir a mãe, ou alguém que esteja fora da relação simbiótica originária, falar de si. Em seguida terá de perceber que a mãe confia nela  e está contente que cresça. Se não conseguir sair do abraço simbiótico, continuará a ser o bebê da mamãe, mesmo na idade adulta.

Terrível é a mãe monopolizadora e superprotetora que se oferece totalmente ao filho e o substitui para poupá-los de qualquer confronto com o mundo por menor que seja. Esse tipo de mãe se elege fortaleza impenetrável, sentinela que vigia todos os desejos de sua criança. Encerra o filho e uma felicidade perfeita e acredita e acredita ser a única pessoa capaz de cuidar dele. Uma criança criada dessa maneira, no entanto, quer sempre mais, torna-se insaciável, e, fechada em uma espécie de circulo narcisista, não tolera a menor frustração, qualquer obstáculo que se interponha  à realização  de seus desejos. Incapaz de enfrentar as dificuldades normais terá crises de choro a menor recusa. Logo será um tirano doméstico e, no lugar das trocas afetivas, aparecerão as lutas de poder.